Para atletas de ultra endurance, que enfrentam esforços prolongados e intensos, os suplementos alimentares são essenciais para otimizar o desempenho, a recuperação e a saúde geral. Os suplementos mais relevantes dependem do tipo de prova, da dieta do atleta e das necessidades individuais, mas apresentamos aqui os principais, com base em artigos científicos.
Para cada tipo de suplemento, é apresentado o racional para a sua utilização, recomendações de consumo e os artigos científicos onde nos baseámos para ober estas informações.
Hidratos de Carbono (em gel, bebida ou pó)
Porquê?
Durante eventos de ultra endurance, as reservas de glicogénio esgotam-se rapidamente. Suplementos de hidratos de carbono fornecem energia rápida e sustentada.
Exemplo
Géis energéticos, maltodextrina, bebidas isotónicas.
Como usar?
Consumir 30-90 g de hidratos de carbono por hora durante o exercício, dependendo da intensidade e duração. Combinar fontes como glicose e frutose para melhor absorção.
Referências científicas
Electrólitos (sódio, potássio, magnésio)
Porquê?
A perda de electrólitos pelo suor pode causar cãibras, fadiga e desidratação. O sódio é particularmente crítico em provas longas.
Exemplo
Cápsulas de sal (ex.: SaltStick), bebidas com electrólitos, comprimidos efervescentes.
Como usar?
Ingerir 500-1000 mg de sódio por hora, ajustando conforme o clima e a taxa de suor. Testar durante treinos para evitar desconforto gastrointestinal.
A suplementação de electrólitos deve ser acompanhada de ingestão adequada de água (500-1000 ml/hora, ajustado ao clima e suor).
Referências científicas
Proteína (em pó ou BCAA)
Porquê?
Durante esforços prolongados, o corpo pode degradar tecido muscular para obter energia. A proteína ou aminoácidos (como BCAA ou EAA) ajudam a minimizar o catabolismo muscular.
Exemplo
Proteína whey isolada, aminoácidos essenciais (EAA), leucina.
Como usar?
Consumir 10-20 g de proteína a cada 3-4 horas durante eventos muito longos ou logo após para recuperação. BCAA (5-10 g) pode ser usado durante a prova, mas EAA é mais eficaz.
Referências científicas
Cafeína
Porquê?
Melhora a concentração, reduz a percepção de esforço e pode aumentar a oxidação de gordura, poupando glicogénio.
Exemplo
Géis com cafeína, cápsulas, pastilhas energéticas.
Como usar?
Doses de 3-6 mg/kg de peso corporal, divididas em pequenas quantidades (ex.: 50-100 mg/hora). Evitar doses altas no final para não prejudicar o sono pós-prova.
Referências científicas
Beta-alanina
Porquê?
Aumenta os níveis de carnosina muscular, ajudando a neutralizar a acidez durante esforços intensos, o que pode melhorar a resistência.
Exemplo
Suplementos em pó ou cápsulas.
Como usar?
3-6 g/dia por 4-8 semanas antes do evento. Pode causar formigueiro (parestesia), pelo que se devem dividir as doses.
Referências científicas
Creatina
Porquê?
Embora mais associada a desportos de força, a creatina pode melhorar a recuperação muscular e a capacidade de esforços repetidos em treinos intensos.
Exemplo
Monohidrato de creatina.
Como usar?
3-5 g/dia, idealmente após o treino ou com uma refeição rica em hidratos de carbono.
Referências científicas
Ómega-3
Porquê?
Reduz a inflamação causada por longos períodos de exercício, promovendo recuperação e saúde articular.
Exemplo
Óleo de peixe ou algas (EPA/DHA).
Como usar?
1-2 g de EPA+DHA por dia, com alimentos.
Referências científicas
Vitamina D
Porquê?
A vitamina D suporta a saúde óssea e imunitária. Atletas com deficiência podem ter o desempenho comprometido.
Exemplo
Suplementos de vitamina D3.
Como usar?
1000-4000 UI/dia, dependendo dos níveis séricos.
Referências científicas
Magnésio
Porquê?
O magnésio auxilia na função muscular e na redução de cãibras. Atletas com deficiência podem ter o seu desempenho comprometido.
Exemplo
Citrato ou glicinato de magnésio.
Como usar?
200-400 mg/dia, preferencialmente à noite.
Referências científicas
Antioxidantes (vitamina C, E ou polifenóis)
Porquê?
O stress oxidativo de provas longas pode ser mitigado por antioxidantes, embora o uso excessivo possa interferir na adaptação ao treino.
Exemplo
Suplementos de vitamina C (500 mg) ou extratos de frutos (ex.: extrato de cereja).
Como usar?
Uso moderado (ex.: 500 mg de vitamina C após o treino) ou alimentos ricos em antioxidantes.