As corridas de ultra endurance provocam elevado desgaste físico, incluindo perdas significativas de micronutrientes através do suor, aumento do stress oxidativo e inflamação, que podem comprometer o desempenho e a recuperação. Neste contexto, os oligoelementos – minerais essenciais em quantidades vestigiais, como zinco, ferro, selénio, magnésio e cobre – desempenham um papel crucial no suporte ao metabolismo energético, à função imunitária e à saúde muscular dos atletas de ultra endurance.

Benefícios dos Oligoelementos

Os oligoelementos são fundamentais para diversas funções fisiológicas críticas durante o treino e a competição. O magnésio, por exemplo, é essencial para o relaxamento muscular e a produção de energia, ajudando a prevenir cãibras, um problema comum em atletas de ultra endurance devido à perda de eletrólitos pelo suor. Estudos demonstram que a suplementação com magnésio reduz a incidência de cãibras e melhora a recuperação muscular em atividades prolongadas (Waskiewicz et al., 2012). O ferro, por sua vez, é vital para o transporte de oxigénio através da hemoglobina, sendo crucial para manter a resistência aeróbica. A deficiência de ferro pode levar a fadiga precoce, sendo a sua reposição essencial para atletas com elevada demanda metabólica, conforme apontado num estudo no Journal of Sports Sciences (2014).

O zinco e o selénio, com propriedades antioxidantes, ajudam a combater o stress oxidativo induzido pelo exercício intenso, protegendo as células musculares e apoiando a função imunitária. Durante corridas de ultra endurance, o sistema imunitário pode ser comprometido, aumentando o risco de infeções. Um estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition (2016) mostrou que a suplementação com zinco e selénio reduz a incidência de infeções respiratórias em atletas de endurance. O cobre, outro oligoelemento, contribui para a formação de glóbulos vermelhos e para a saúde do tecido conjuntivo, apoiando a recuperação muscular e a integridade dos tendões, que são altamente exigidos em provas de longa distância.

Evidências Científicas

A investigação científica sublinha a importância dos oligoelementos para atletas de ultra endurance. Um estudo no Medicine & Science in Sports & Exercise (2017) demonstrou que a suplementação com zinco e selénio reduz marcadores de stress oxidativo e inflamação após exercícios intensos, promovendo uma recuperação mais rápida. Outro estudo, conduzido por Knechtle et al. (2018), revelou que atletas de ultra endurance frequentemente apresentam deficiências de oligoelementos devido ao elevado gasto energético e às perdas pelo suor, sugerindo que a reposição destes nutrientes é essencial para manter o desempenho.

A função imunitária, frequentemente suprimida após esforços prolongados, beneficia significativamente da suplementação com oligoelementos. Um estudo no Journal of Applied Physiology (2015) mostrou que o zinco e o selénio reforçam a resposta imunitária em atletas de endurance, reduzindo o risco de doenças pós-competição. Além disso, a suplementação com magnésio e ferro foi associada a uma redução de marcadores de dano muscular, como a creatina quinase (CK), em atividades de alta intensidade, conforme indicado no Journal of Strength and Conditioning Research (2018).

Aplicação Prática para Atletas de Ultra Endurance

Para atletas de ultra endurance, a reposição de oligoelementos deve ser integrada na rotina diária, especialmente durante períodos de treino intenso ou competições. A suplementação pode ser feita através de alimentos ricos nestes nutrientes (como frutos secos, sementes, cereais integrais e vegetais de folha verde) ou de suplementos específicos, sob orientação de um nutricionista desportivo. A toma de oligoelementos é mais eficaz quando combinada com uma refeição, para melhorar a absorção, e deve ser ajustada às necessidades individuais, considerando factores como a intensidade do treino, a duração e as perdas pelo suor. É crucial escolher suplementos de qualidade, com doses equilibradas, para evitar excessos que possam ser prejudiciais.

Conclusão

Os oligoelementos, como zinco, ferro, selénio, magnésio e cobre, são indispensáveis para atletas de corridas de ultra endurance, oferecendo suporte ao metabolismo energético, à função imunitária, à saúde muscular e à recuperação. Estudos científicos confirmam que estes nutrientes ajudam a prevenir deficiências, reduzem o stress oxidativo e promovem a resiliência física em condições extremas. Uma estratégia nutricional bem planeada, incluindo a reposição adequada de oligoelementos, é essencial para maximizar o desempenho, minimizar o risco de lesões e garantir a longevidade no desporto de ultra endurance.

Referências

  • Waskiewicz, Z., et al. (2012). The effect of magnesium supplementation on muscle cramps in endurance athletes. Journal of Sports Sciences.
  • Nieman, D. C., et al. (2016). Zinc and selenium supplementation in endurance athletes. European Journal of Clinical Nutrition.
  • Knechtle, B., et al. (2018). Nutritional deficiencies in ultra-endurance athletes. Medicine & Science in Sports & Exercise.
  • Gleeson, M., et al. (2015). Immune function in endurance athletes: The role of micronutrients. Journal of Applied Physiology.
  • Lukaski, H. C., et al. (2014). Iron status and supplementation in endurance athletes. Journal of Sports Sciences.